Ainda agora tropecei no absurdo de ser.
Esbarrei numa sombra; e existir sempre foi imperativo.
Ainda agora engoli vento de dentro, pensamento,
Devorei as palavras com as quais diria, ainda agora.
O silêncio como roupa para se trocar, faz frio, ou fará.
Tenho que sair usando um silêncio quente, agasalhador.
Ainda agora deu medo, de repente, de esquecer tudo.
E o que eu tinha tanto medo de esquecer, eu esqueci
E deu medo de o que eu esqueci não ser para esquecer.
E um medo muito maior de amanhã não lembrar nada disso.
Ainda agora saber ou não isso não teve importância alguma,
Sentir de outro modo as mesmas coisas não tem relevância,
A inconstância de sentir é o que há para prestar maior atenção.
Ainda agora alguma emoção acabou de deixar o meu corpo
E vou pouco a pouco convivendo com a morte lenta de tudo o que é.
Desolação. Um deserto tão perto conquanto tão aqui bem dentro,
Debaixo de cada passo o acaso mais acertado de todos os abismos.
O céu que me cobre que me cobre olhar ainda mais para ele,
Que vou aceitar me perder pelo simples gosto de estar a esmo
Porque eu mesmo muito pouco sei do que devo de mim mesmo,
Saber nunca foi o meu forte, o meu norte nunca foi conhecer.
Eu sei sentir e sei que sei disso desde quando sei que sei alguma coisa.
Sentir sempre foi minha estrada, o caminho e a caminhada, minha jornada,
Minha sina, meu destino, o fato do fado, chamemos de qualquer coisa
Que qualquer coisa que eu sentir será sempre meu modo de existir,
Desde que eu cisme sozinho à noite e tente ao menos dizer, sempre
Vomitando todas as palavras devoradas com as quais eu diria.
Ainda agora mesmo perdendo o prumo, o sumo e talvez o rumo
De tudo consumo e que me consome e que rumino como poesia.
A letra fria deitada na areia do deserto daqui de dentro do peito,
Com a qual de um modo imperfeito eu, ainda agora, sei que diria.
Ainda mais agora que tropecei no absurdo de tudo que não seria...
Esbarrei numa sombra; e existir sempre foi imperativo.
Ainda agora engoli vento de dentro, pensamento,
Devorei as palavras com as quais diria, ainda agora.
O silêncio como roupa para se trocar, faz frio, ou fará.
Tenho que sair usando um silêncio quente, agasalhador.
Ainda agora deu medo, de repente, de esquecer tudo.
E o que eu tinha tanto medo de esquecer, eu esqueci
E deu medo de o que eu esqueci não ser para esquecer.
E um medo muito maior de amanhã não lembrar nada disso.
Ainda agora saber ou não isso não teve importância alguma,
Sentir de outro modo as mesmas coisas não tem relevância,
A inconstância de sentir é o que há para prestar maior atenção.
Ainda agora alguma emoção acabou de deixar o meu corpo
E vou pouco a pouco convivendo com a morte lenta de tudo o que é.
Desolação. Um deserto tão perto conquanto tão aqui bem dentro,
Debaixo de cada passo o acaso mais acertado de todos os abismos.
O céu que me cobre que me cobre olhar ainda mais para ele,
Que vou aceitar me perder pelo simples gosto de estar a esmo
Porque eu mesmo muito pouco sei do que devo de mim mesmo,
Saber nunca foi o meu forte, o meu norte nunca foi conhecer.
Eu sei sentir e sei que sei disso desde quando sei que sei alguma coisa.
Sentir sempre foi minha estrada, o caminho e a caminhada, minha jornada,
Minha sina, meu destino, o fato do fado, chamemos de qualquer coisa
Que qualquer coisa que eu sentir será sempre meu modo de existir,
Desde que eu cisme sozinho à noite e tente ao menos dizer, sempre
Vomitando todas as palavras devoradas com as quais eu diria.
Ainda agora mesmo perdendo o prumo, o sumo e talvez o rumo
De tudo consumo e que me consome e que rumino como poesia.
A letra fria deitada na areia do deserto daqui de dentro do peito,
Com a qual de um modo imperfeito eu, ainda agora, sei que diria.
Ainda mais agora que tropecei no absurdo de tudo que não seria...