TESTAMENTO
Dou ao mundo
como filhos e filhas que não vou ter
e que nunca tive
minhas poesias e meus poemas.
Para que sejam
devoradas pelos olhos comuns e bestas
em momentos felizes e tristes
em velórios e festas.
Para que sejam
absorvidas pelas bocas bestas e comuns
em situações confusas e calmas
em poucos ou em apenas alguns.
Dou ao mundo
como filhos e filhas que não vou ter
e que nunca terei
poesias e poemas.
Secretos e escancarados
abertos e trancados.
Em palavras, em frases e em contextos.
Para que sejam
rebentos para a realidade
lamentos para os que se satisfazem
com restos
e sentimentos para quem ousa
amar e ser amado
pela vida
e
para
a liberdade.
Antonio Viana – poeticagem.