A (in)existência do lugar
Ela anda de novo às voltas pela casa. Passeia o corpo e leva a poeira do chão nos pés que se arrastam.
Esconde os olhos nas mãos evitando as portas espelhadas e os espelhos, que mais a multiplicam.
Sente um arrepio espinha abaixo e espinha acima.
Ter-se-ia julgado morta, não tivesse o impulso ganho ao marasmo.
Foi ação de segundo, onde não houve tempo de respiro ou de grito.
Em silêncio senta-se no presente e o sangue escorre explorando cada curva do corpo. A lâmina cai e brilha no chão, tal uma estrela perdida no céu.
Volta para a seduzir acariciando-lhe a pele, mais profundamente.
Todo o lugar é incerto. Alucina. O sangue que lhe rasteia o corpo situa-a num espaço, onde a dor já não invade o peito, a memória, onde pensa estar segura.