Leituras da escrita

Uma pausa para pensar. É assim que começo a dizer o que a alma reclama. Há um momento entre o pensar e o se inspirar que não chega pra quem quer no instante que pede. É uma declaração da vida que invade a mente com o aviso de que é preciso mais do que a vã intenção do escrevente.

Cada toque no teclado vibra na consciência da escrita, a música de um concerto que o pensamento precisa para se estimular. Cada nova palavra quer construir a mensagem que mostre a quem lê o desejo de uma voz de dentro.

No centro do pensamento um alento que invento pra me concentrar. E não há outro jeito senão começar! Todo ambiente é capaz de nos deixar a vontade, quando se escreve de uma mania contumaz de escrever.

Mas quando o ambiente nos deixa apenas a vontade, não como condição, mas como objeto singular, não há quem resista às linhas. E mesmo sem um propósito mais nobre, a vontade se traduz em palavras que qualquer autor quer conduzir sem errar.

Um cigarro para rebater a solidão; não porque ela seja ruim para quem escreve e sim porque a companhia dele faz lembrar que é do mundo real que partimos para nossa viagem.

É de tragar sentimentos que sopramos as letras pra dentro das folhas. É de bater as cinzas da vida que enchemos os nossos cinzeiros do tempo que tudo explica e ensina a viver.

Nos goles de café, engolimos junto cada amanhecer de nossas alegrias e decepções como gotas que vamos ingerir e desperdiçar.

Mesmo nesse mundo que temos muito mais do que precisamos, pagamos o preço de cada minuto que a gente respirar. E tudo na vida vale muito mais do que podemos pagar.

Assim, cada instante que a vida nos deixa respirar é um momento a menos para o lamento de que a viagem, por aqui, um dia se encerra.