Quando a tristeza mais imensa me oprime
Assola-me a solidão mortal do campo de batalha,
Onde glórias passadas são lembranças mortas,
Que sucumbem no exato instante intangível
Entre o fim da vida e o começo de nada,
O fim dos passos na estrada,
A queda que interrompe a escalada,
A dor na carne, dilacerada, o medo no cerne,
A garganta seca, o grito contido, o pranto escondido,
O peito vazio e o frio na espinha, um pensamento vadio,
Sentimento arredio e absurdo que repousa incólume
Entre o ódio provável e o amor mais impossível,
Inadmissível, inacessível, incognoscível,
Um amor assim tão perecível...
 
Basta o silêncio e isto é tudo.
Cansei de tantas palavras e dos seus significados insignificantes.
A razão é mero desvario, a emoção é só desespero de sentir algo,
A ciência é ponto de partida e a fé é só mais uma alternativa.
Deploro os deuses nos olharem com tanto desdém...
 
Toda a poesia que sem querer eu faço
Ou é metáfora ou é somente incógnita, enigma,
Uma vontade maligna de querer tanto o bem
E, de tão bem, querer bem tão mal o bem que não se tem.
 
Quando me abraçar de novo como naquele dia,
Não saia mais dali de meus braços.
Junta a carne com a alma e a vontade, apressa a pressa
Que o tempo passa e a vida acaba e a morte vem,
Fica aqui e não se afasta, não saia nunca mais de mim,
Que eu entrei em você como um vento pela janela,
Violento e doce, sereno e firme, inevitável...
Fica e me abraça, e depressa, que essa tristeza me oprime,
Ainda...
Resta a lembrança de um beijo perdido entre tantos gostos,
Nos meus lábios toda a saudade daquela vontade maligna
De lhe querer assim tão bem..
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 03/07/2014
Reeditado em 13/01/2021
Código do texto: T4868475
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