ONDE REPOUSA CERVANTES

Fui à Espanha em aventura,
Ver onde repousa Cervantes.
Repensar tudo de Don Quixote
Cavaleiro “Da Triste Figura”,
Sonhador foi um errante,
Pelos imensos mouros castelos:
Em combate aos gigantes,
Quebrando moinhos-de-vento
Em “batalhas” traçadas a ferros,
Matando os mil dragões
Para livrar da morte os poetas
E escritores, que acusavam os vilões
Da história, suas tramas perpétuas.
Pintores e suas rupestres paisagens
A Arte; os artistas libertos enfim,
Sonhos de todas as paragens!
"Cavaleiros Solitários da Ilusão",
Somos todos os que persistimos
Nos sonhos; buscando a devoção
À gentil Dulcineia - de olhos cansados -
Como a figura do esquálido cavaleiro;
Por nossa ilusão, de andejo solitário.
Muitas vezes de olhar derradeiro,
Ridículo até para o mundo, mas devota 
À arte que agoniza, socorro por piedade,
Ao que Dulcineia não obstante denota:
Não sabemos se ouve ou lhe sente piedade!
Artistas são seres perigosos para o poder,
Quem nada sabe não conhece a verdade,
O saber pode mover o mundo do povo,
O torpor de não ler é o que quer o poder,
Menos é mais - eis a fórmula abjeta -
Onde a ignorância viceja e projeta.
Somos o Don Quixote de La Mancha,
De que o poder temendo se desmancha.
Somos o Cavaleiro da Triste Figura,
Mas que viveu feliz em sua procura,
Perquiriu, vestido de lata, escudo e lança,
Ao seu lado o fiel Sancho Pança
Procurou Dulcinéia e seu sonho realizou.
Mas iluminado por esse seu sonho
Para muitos, utópico e bisonho,
Mas tão só... por ele... morreu!


     
Placa comemorativa a Miguel de Cervantes 
Os restos mortais de Miguel de Cervantes Saavedra foram depositados na Igreja Conventual das Tinitárias em Madrid em 23 se abril de 1616, mesma data em que faleceu William Shakespeare.

SÍNTESE


Se Cervantes vivesse nos dias de hoje, dificilmente ele mudaria alguma coisa no enredo de seu romance, ou mesmo na personalidade e no caráter de seu personagem Don Quixote de La Mancha. Muita coisa mudou do século XVI até aqui, mas a busca por justiça, o símbolo que o Cavaleiro da Triste Figura procurava  e lutava, ainda é o mesmo. A injustiça e a inequidade campeiam travestidas, mas suas novas formas são quase tão cruéis como as existentes na Idade Média européia, de que falava o gênio espanhol.

ESTE FOI O OBJETIVO NARRATIVO DA PROSA-POÉTICA.












 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 02/07/2014
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T4866504
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