"SOBRE MIM A NOITE "
Quando escrevo um poema, talvez eu esteja na antecâmara do
terror. A noite, essa superfície que ruge, a enorme ferida que ruge,
ao ar ao infinito. Vou indo recostado à palavra, ícone garra, faca no
peito.
As palavras..São inúteis pois nada mudam. Só são uma aventura na
idade do sonho. Enquanto faço versos, decerto guardas o teu tempo
e me lendo, comoves-te e depois retornas à estúpidas tarefas que
não cabem no meu canto.
Assim pensando, lembro-me que todos somos mortais e vivemos
insepultos sob um céu azul.
Agora também me lembro que bem próximo irão distribuir as minhas
cinzas em algum lugar e que nada escrevam sobre o lugar de cinzas
e que paire sobre esse lugar desconhecido o eco do silêncio.