O VULTO
Sua figura parecia ter saido de priscas eras
Nenhum músculo se mexia
Seu olhar se perdia
Seus sonhos, ela jogava
Um a um
E as águas do rio os engolia.
No ocaso do dia
Ela contabilizava
Sua vida
E só ela sabia
O quanto valia.
Sofrimentos, dores
Entremeados de alguns amores
Alegrias, poucas
Quase todas puídas, pelas mágoas
Sentia seus ombros pesados
Como se carregassem as dores do mundo.
Deu um suspiro fundo
Assustou as gaivotas
Que voavam baixo espiando.
Um segredo guardado a sete chaves,
Quase escapou por debaixo
De suas longas e pesadas vestes.
Apressada ela, o recuperou
E guardou-o nas dobras
Mais profundas de sua alma,
Ali, ele podia sobreviver
Com calma.
(imagem: Lenapena)