Igualdade

Aqui eu posso respirar mais fácil. Eu te amo, mas você me ama tanto que me sufoca. Palavras ficam presas na garganta e a dor da frustração é quase física. Você não me escuta. Eu sei que você até tenta, mas eu consigo ver através dos seus olhos teimosos que se eu não ceder, você me fará arrepender pelo resto de minha vida. Eu sinto na pele o quão ilusória essa liberdade é. Uma vez você me perguntou se eu gostava de me parecer com você, eu disse que sim sem pensar. Isso, agora, me dói. Ouvi um termo, recentemente, chamado singularidade. Agora, depois de tanto ver e de tanto me assemelhar a você, busco a minha própria singularidade. Eu não consigo. Eu não consigo enquanto você estiver ao pé do meu ouvido sussurrando os próximos passos da minha vida. Eu não quero ouvir, mas eu não consigo não ouvir. Eu sei que você me ama e que esse é o melhor para mim mesmo que ninguém diga, eu sei o que é seguro. Eu não quero ser segura, eu quero errar, desobedecer, acertar por acaso e viver sem ter você comentando cada passo da minha vida. Você normalmente não comenta. Por que? Por que somos parecidas, mas não somos iguais. Eu não sou curiosa quando ao que te interessa e eu sei que não vai me interessar. Se eu quiser não seguir seus passos, eu não vou. Para, pensa em tudo aquilo que você cobra sem falar, em todas as vezes que o elogio pareceu mais uma exigência e pensa. Não somos iguais.

Gabriela Matos
Enviado por Gabriela Matos em 29/06/2014
Reeditado em 04/03/2015
Código do texto: T4863551
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