A PORTA


Ainda podia ouvir os ruídos
O ir e vir de todos

As palavras trocadas
Aos seus pés.
O jeito apressado
Ou aveludado
Com que cada um a tocava.
Onde estariam todos?
Será que também dela se recordavam?

Quanto tempo já se passara?
Ela não saberia dizer
Desde que mãos insensíveis
A arracaram do doce convívio
E a abandonaram ali
Para a sua sensibilidade
Parecia ser uma eternidade
Sentia falta de cada um deles
E a ausência de todos
Lhe consumia a alma delicada

Sobraram-lhe as "miudezas"
E essas, não havia quem
Pudesse surrupiá-las
Tempo algum iria desgastá-las
Se um dia, pó viesse a ser
Levitaria pelo ar carregando-as
Elas estariam embebedadas
De pura saudade
De doces lembranças.


(Imagem: Lenapena)
Obs.: ontem em minha caminhada aqui pelo bairro (Williamsburg) avistei essa porta debaixo de um lindo caramanchão florido, ela contou-me sua história, enquanto eu a fotografava.


 
Lenapena
Enviado por Lenapena em 29/06/2014
Reeditado em 29/06/2014
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