Nuvens
Nas nuvens imaculadas, onde se diluía o meu pensar, em tons esbatidos, de mil e uma quimeras.
Esvoaçavam transfiguradas ao vento, pelo seu toque gentil, de mil e uma penas.
Translúcidas e cristalinas, de cor alva e pura, expressavam o seu âmago incorruptível.
Eram assim as nuvens da minha infância, como que de algodão doce, com figuras pitorescas, que me fizeram sonhar enternecido, sonhos fabulosos de histórias míticas.
Os heróis recriados no céu, ao sabor do bulício isobárico. As nuvens da minha meninice, onde param elas?
Hoje são tão diferentes ao meu olhar, tão cerradas, escuras como breu, carregadas de tempestivas veracidades, ofegantes e opressivas erram além-mar.
Transfigurado nelas, deixei-me levar ao sabor do vento forte e sussurrante, consigo ouvir os fantasmas dos meus pesadelos deambular, cantando em uníssono, num aliviado trovejar.
Lx, 19-11-2006