POESIA IMPREVISTA
Gosto de contemplar as flores,
porque vejo nelas uma beleza
singela, só encontrada nas almas
sensíveis; mas para que essas
almas sejam deveras sensíveis,
precisam sentir os aromas das flores,
sem que, por impulso instintivo
(e não consciente), as colham.
Acho bem melhor assim, sentir
os seus aromas sem colhê-las;
porque colhendo-as só para
cheirá-las, elas perdem o viço
e a beleza; perdem o elo com
a raiz da planta, como se fosse
a alma que a anima, a alma
vegetal que a faz ser flor; a faz
aromatizar o ar do ambiente
no qual naturalmente ela vive.
Para quem não sabe, as flores,
sobretudo as flores silvestres,
nutrem de aromas amorosos,
os elementos que fazem parte
da natureza, harmonizando-os
com as sutis energias floridas;
exaladas dos néctares adocicados,
que as abelhas colhem-nos
e os armazenam nas colmeias,
para o fabrico do doce mel.
É por isso que as flores são
sempre belas, predominando
nelas, a lírica singeleza das coisas;
e vem das flores, muitas vezes,
a tão decantada inspiração
dos poetas, que apropriam-se
do jeito singelo de ser delas,
para compor versos tão puros
quanto a pureza que emana
dos campos floridos, espargindo
a paz vegetal, que vai alojar-se
no âmago das almas sensíveis,
tornando-as também pacíficas.
Há também na beleza das flores,
o belo interior da alma humana;
que exterioriza o amor florido,
nos laços afetivos com o próximo;
pois toda a beleza singela da flor,
vem da beleza natural e simples
com que Deus Cria todas as coisas;
vem da essência da beleza divina
florida, que Deus planta no íntimo
de cada alma, para que a paz seja
vitalícia em suas consciências
felizes; e o amor seja eterno
em seus corações sublimes.