Tempos artificiais
Do capítulo: Realidade
Ai de ti... se a poesia dependesse sempre de sorrisos largos
de felicidade abundante e de paixões enebriantes
Ai de ti... se a poesia fosse apenas o impossível, o invisível, o invencível, o inatingível, o incomum...
Ai de ti... se poesia fosse apenas a beleza profunda, apenas beijo ardente, apenas amor surreal
A face da vida ás vezes é cara cuspida, vestimentas em farrapos, lixo pelo asfalto, canções de falsas rebeldias
A face da vida às vezes é a cara amassada pela manhã, vista em belo espelho... olhos de sono vermelhos e a emoção no peito perdida
A face da vida às vezes é o Universo te honrando e o inverso gritando em teu ouvido que o teu caminho segue para direita e não para esquerda
A face da vida ás vezes é você feito palhaço triste levado ao picadeiro da realidade que convém a outros e não a ti
A face da vida é ver rostos de sorrisos deprimidos - na labuta, indo apenas onde o dinheiro sopra - menos realidade e mais artificialidade
A face da vida muitas vezes é um enorme ferida que o sujeito traz no peito e nada cura, mesmo que que se viva de outro jeito
Ai de mim - reles poeta - ai de ti... se a vida se resumisse apenas nessa pseudo festa, onde o que importa já não interessa.
Brasília - DF, junho de 2014.
Do imaginário poético