NOSTALGIA...
Minha tristeza é coisa antiga, nostalgia
de um tempo em que eu quis viver tudo...
e não vivi nada...
ou, quem sabe, vivi, numa outra vida...
Eu quis sentir a emoção de ser despertada
ao som de uma serenata romântica, numa
doce madrugada; de receber uma poesia
improvisada, escrita com emoção pelo
homem amado, perfumada com uma rosa
vermelha roubada num jardim qualquer;
a magia de beijos trocados furtivamente,
na sacada, à luz do luar;
a ousadia de amar loucamente um amor
proibido, como Romeu e Julieta...
Eu quis a sutileza de deixar cair, "sem querer",
um lencinho de cambraia cor - de - rosa,
perfumado com a doçura da alfazema,
para ser apanhado e devolvido por
alguém que, com um sorriso, fizesse meu
coração pulsar muito forte, ao levá - lo aos
lábios, antes de devolvê - lo...
Eu quis as lágrimas de saudades caindo
sobre um maço de cartas de amor
cheirando à perda, amarrado com um
laço de fita azul, já desbotada pelo tempo...
Eu quis, ainda, a doçura de suspiros
profundos, olhando de uma janela alta,
a figura solitária do meu amado sob a
luz de um lampião, do outro lado da rua,
na chuva que caía, tentando ver - me...
Eu quis ser uma mulher que tivesse
aprendido a amar, mas não tanto a
ponto de perder - me dentro de um amor
que me faz transformar em poesia, meus
sentimentos e emoções que, apenas através
dela, consigo expressar... e viver os sonhos
que já sonhei...
ou reviver a vida que um dia vivi...