SOU ALMA!

Basta!!, quer gritar minha alma... Chega de dor e solidão!!, urra meu coração...

e minhas lágrimas descem em cascatas, porque não suporto mais o aguilhão de dor invisível que ninguém pode saber e eu apenas, sentir...

Que negra noite eterna é essa, que sobre mim se abateu?

Onde o luar que me iluminava em noites mágicas e inspiradoras dos maiores e mais intensos amores? Onde as estrelas que me fitavam quando eu fitava teus olhos, sob o céu de sempre?

O universo escrevia o sentimento que era nosso em toda a natureza... tudo era um poema celestial a nos cercar, quando estávamos nos braços um do outro, quando nos amávamos e nos entregávamos sem reservas, porque sempre

descobríamos algo de diferente em cada momento, e era uma felicidade partilhar com o outro...

Agora...agora tudo é lembrança... é a solidão que restou... a impressão de que estou sempre à beira de um precipício sem final... e nesse ir e vir de cada dia insípido, um desejo intenso de não me sentir assim, tão vazia, de encontrar o amor de verdade, aquele que me aceitaria proscrita do mundo, das luzes, das vozes, dos sons....

de tudo que não compreendo, de tudo que não me compreende, de tudo que me fugiu...

um amor que conseguisse me alcançar a sensibilidade da alma, o arcaico romantismo do meu coração e aceitá - lo como é, frágil, vulnerável e medroso... um amor que enxergasse em mim a mulher que sou, capaz de um amor intenso e verdadeiro, se conquistada

com carinho, com ternura, companhia, cumplicidade... mas que principalmente, me amasse, verdadeiramente, não me olhasse como uma simples marionete a ser manipulada ao capricho dos seus desejos...

Sou alma! Uma alma sombria e solitária que adeja sem rumo, como um pássaro de asas quebradas, mutilado no seu instinto de voar, porque não encontra condições de ser num mundo que lhe soa estranho, ou que é estranho num mundo chamado normal...

A solidão parece me atrofiar a vida... mesmo meus mais intensos desejos parecem relegados ao nada da repressão... porque não tenho alguém para chamar de meu amor...

porque não tenho ninguém a me sussurrar, olhos nos olhos, um eu te amo com toda a emoção que um olhar apaixonado pode conter...

A saudade de um tempo em que pensei assim ser amada, me consome...

minha vida se esvai como os grãos de areia que escorrem numa ampulheta... como a água que nas mãos se tenta prender...

Grito em silêncio o meu tormento, meu coração palpitando em paixões reprimidas, mescladas e imersas em tristezas sem fim... e então me pergunto, entre lágrimas...

o que será de mim?

Meu corpo é minha prisão, meu algoz, meu carrasco, porque jamais me dá paz...

tortura - me entre desejos e frêmitos, calores e calafrios... me torna febril na ausência do amor, de beijos que devolveriam sabor à minha boca, trariam a seiva para o meu coração, sentido para a minha vida...

apenas sonhos...

Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 07/09/2005
Código do texto: T48487