Artesã da vida
Estou esculpindo
Meu último poema
Seu corpo
Parece um puteiro
Seu tema é um insulto
Às leis naturais
A sua história é oculta
Seus léxicos são imorais.
Por ser atrevido demais
Fez-se um poema obsceno
E está proibido
De posar nas vitrines
Porque é crime hediondo
Falar mal do Poder.
Esse meu poema
É um artefato pra burguesia
Porque está umbilicalmente
Divorciado de qualquer sistema
Ele é o grito da inlucidez
Contra os senhores da tirania.
E se você
Quebrar o hímen da poesia
Não se descontente
Tente de frente copular
Introduza seu sêmer poético
No útero do poema.
E quando sentir
O acme da penetração poética
Não permute o óbvio por paixão
Prefira razão a sentimento
Não substime a ética
Mesmo que inverso
Às leis do patrão
À luz da razão
Indefira quaisquer atos de extorção.
Não investigue o poema
Não instaure inquérito
Contra a poesia
A poesia não é eunuca
Ainda que seja maluca
Ela nunca caduca
Tem mente sã
Da vida, a poesia é artesã.
Autor: Edmilson Silva
04.06.2014
Palmares-PE