Artesã da vida

Estou esculpindo

Meu último poema

Seu corpo

Parece um puteiro

Seu tema é um insulto

Às leis naturais

A sua história é oculta

Seus léxicos são imorais.

Por ser atrevido demais

Fez-se um poema obsceno

E está proibido

De posar nas vitrines

Porque é crime hediondo

Falar mal do Poder.

Esse meu poema

É um artefato pra burguesia

Porque está umbilicalmente

Divorciado de qualquer sistema

Ele é o grito da inlucidez

Contra os senhores da tirania.

E se você

Quebrar o hímen da poesia

Não se descontente

Tente de frente copular

Introduza seu sêmer poético

No útero do poema.

E quando sentir

O acme da penetração poética

Não permute o óbvio por paixão

Prefira razão a sentimento

Não substime a ética

Mesmo que inverso

Às leis do patrão

À luz da razão

Indefira quaisquer atos de extorção.

Não investigue o poema

Não instaure inquérito

Contra a poesia

A poesia não é eunuca

Ainda que seja maluca

Ela nunca caduca

Tem mente sã

Da vida, a poesia é artesã.

Autor: Edmilson Silva

04.06.2014

Palmares-PE

EdSilva
Enviado por EdSilva em 11/06/2014
Reeditado em 03/12/2021
Código do texto: T4840383
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.