VENTO AGOSTIANO E ANGUSTIADO
Ysolda Cabral
Finalmente o Vento venceu o Tempo e chegou por aqui com a antecipação de dois meses. Sei do que falo! Não estou variando de jeito algum! E não me venham dizer ser coisa de poeta e não sei mais o quê. Decididamente, não é!
Senão, vejamos: Acordei com o Vento batendo na minha janela, como batem os Ventos de Agosto. Meio assustada e incrédula, dei um pulo da cama e corri para ver o que se passava. - Afinal, nunca tinha visto tanta fúria em um amanhecer qualquer... O Mar não sabia o que fazer com suas ondas, que reclamavam o desalinho a elas imposto, e, quem se aproximasse da praia, levava areia na cara, sem contemplação. As árvores e os coqueiros balançavam que nem loucos, em um cai mas não cai de impressionar!
Lá de cima, as nuvens não formavam nada. Nem opinião! E o Sol, sábio ou covarde , se escondia por trás delas.
Preocupadíssima com os passarinhos, vizinhos meus, apurei os ouvidos e nenhum sinal sonoro deles escutei. Apavorada, perguntei-me onde estava o meu rosário ou o terço e me veio uma dúvida: existe diferença material entre terço e rosário? Sei lá! Não gosto de rezar ladainhas. Gosto de conversar com Jesus. Mas como com Ele conversar em meio a tanto barulho, às 4:40 de uma manhã de sexta-feira qualquer? O terço ou um rosário, até que seria bom. Teria no que me agarrar, caso me visse envolvida nessa oscilação.
Sorri da ideia e uma lágrima, danada de salgada, senti. Aliviada por me saber ainda estar de pé, reuni todas as minhas forças e consegui realizar, embora rastejante, as tarefas matinais, antes do instante de sair de casa para o trabalho.
E saí só sorrisos! Ainda bem que o Vento Agostiano e Angustiado resolveu rumar para outras plagas, deixando o Tempo, ainda incrédulo da derrota, assistir, estático, as andanças do dia.
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Recife-PE
06.06.2014
Sexta-feira