QUANDO PARTIR É NECESSÁRIO

Tinha a relva a lhe molhar os pés,

a lua a lhe iluminar os passos

e seguia adiante.

A dor no peito cada vez maior

não lhe deixava esquecer

a realidade.

O barulho da água já se fazia presente.

Sabia que havia o rio ali à frente.

Uma cigarra entoava triste seu canto

e lá, bem além, o grasnar de uma ave

despertava-lhe a consciência.

Como haveria de ser?

Olhava os campos em volta

a perder de vista.

O cheiro de capim, adocicado,

impregnando-lhe as narinas.

Estava indo embora, deixando tudo para trás.

O atrás que nem queria olhar.

Bastava-lhe saber que pela frente

havia vida a ser vivida.

Todos se vão um dia.

Chegara o seu momento.

Estava se libertando de amarras

que deixam fundas cicatrizes.

Mas estava em paz,

apesar da dor no peito.

Se partir era o melhor,

só o tempo responderia.

A escolha tinha sido sua.

Acertou a mochila nas costas,

desceu até o rio, entrou na canoa,

ganhou a imensidão das águas

e seguiu em frente,

em busca do amanhã!

Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 02/06/2014
Reeditado em 02/06/2014
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