O poeta pode

Mesmo sem poder,

o poeta pode.

Porque o poeta pede;

Pede as estrelas, ao vento

pede as borboletas, aos vaga-lumes.

Pede aos faunos, e as fadas

Pede aos silfos e sátiros,

inspiração para escrever.

Com uma nuvenzinha de nada,

mesmo sem saber

o poeta faz chover;

Escreve um verso no sul

e molha os olhos de um outro

poeta no norte.

Depois quem pede é seu verso

Tudo que ele quer é ser lido.

Porque como um fruto maduro

nasceu para ser comido.

Como um menino no farol,

pede pelo menos um olhar.

" Em verdade, em verdade vos digo que,

se o grão de trigo que cai na terra não

morrer, fica infecundo; mas, se morrer, produz muito fruto."

São João, Cap. XII, Vers. 24 e 25