O movimento da praia deserta!
A praia estava deserta na madrugada em que o arrebol prenunciava o amanhecer de um dia ensolarado. Logo as areais seriam invadidas por lindas pessoas, de ambos os sexos, desfilando biquínis e sungas coladas ao corpo realçando as formas físicas de cada um, enquanto crianças inocentes só olham o mar ou catam conchinhas. Os mais idosos antes de cair na água fazem o cooper com ou sem recomendação médica. Unto caminham com trejeito algumas outras mulheres de cooper feito (lê-se cuper!) . Na areia as sandálias ficam soltas próximas a gigantes guarda-sóis coloridos que na verdade guardam sombra para os que não querem pele brozeada!
O vendedor de picolé passa jogando areia para todos os lados, oferecendo sorvetes também água mineral gelada, e segue como nada fosse, como se não fosse alguém! Tem ainda o vendedor de sanduíches natural. Natural que ele também ali estivesse para ganhar o pão integral da cada dia. Ave Maria! Exclama a menina moça ao olhar o atleta que joga ao lodo bolas na rede e para ela dá bola também! Tira o olho diz a tia acompanhante, que se viu o que ela viu é porque também olhou e viu.
A praia é diferente, lugar de roupas ausente, só pequenas peças, e outras ainda mais miúdas que ativam a circulação e até podem causar congestão, em outro alguém. Mas tudo bem, e o domingo vai seguindo até chegar segunda. Enquanto ele não acaba, se acabam muitos na cerveja bem gelada que dizem faz aquecer. Paradoxo! E as loiras e morenas de carne e osso, algumas de muito mais carne, fazem entre os observadores alvoroço no tentar adivinhar quem vai ser de quem?
“Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa”, já disse o poeta, enquanto o mar sereno passa por cima da areia, em um encontro espumante, sem champanhe e sem ostra para tira-gosto. Não é noite e nem é céu, mas surgem estrelas nas ondas que em ritmo cadente fazem “chuá-chuá”. E a tarde vai chegando o calor vindo do sol esquentando, pois o sol sempre quente está. E as crianças já cansadas até enjoadas das baforadas do cigarro do vovô, correm a um canto entre as pedras acocoradas a fazer cocô que da criançada vai misturado com os da cachorra, pois como disse um ministro "cachorro também é gente". Criança pode, mas adulto é que é maldoso diz que ele é que phode escrevendo pode com “P e H”.
Acabou o dia vem Gugu ou Faustão invadindo aquele lar doce lar através da televisão de algumas polegadas, muitas vezes nem assistidos, pois alguns estão entretidos estão com os tiros que ouvem na rua no meio da multidão, e uma Colombina cai sem ser domingo de carnaval. E os fiéis vão passando na volta da oração, mas não reparam, não ligam sem lembrar que o Mundo agora é Mundo Cão... Vem Seresta na madrugada ao som do violão... Novamente praia deserta, e canta a terra e chora o céu!
***************************************
(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia, que há muito não vê a água salgada. Seu próximo “banho de praia” será quando o Sertão virar mar!