NO SILÊNCIO DA MINHA JANELA
Em silêncio, na minha janela
vou vendo o tempo célere passar.
As folhas, em dança caindo,
tocadas pelo vento
vão ao chão a se espraiarem.
A nuvem densa, maciça
já se dissipou.
Formava bolas de algodão,
em doces carneirinhos se tornou.
Um botão de rosa floresceu,
nem prestei atenção.
Um pássaro bateu no fio,
quebrou as asas, não pode mais voar
e eu nem me dei conta...
As águas, correndo nas nascentes
buscando rios, seguindo em frente,
sem saber aonde vão,
por mim passaram
e eu fui ficando para trás.
Tantas vidas como eu
estão agora em suas janelas
vendo a vida passar.
Lembranças que vem e vão
num infinito turbilhão.
Olhos perdidos no além
tão longe, tão longe!
A rosa se abriu
enquanto eu estava aqui
e eu não vi...
porque a vida
não parou de passar
um só segundo
e com o tempo,
eu que estava aqui,
também envelheci!