DESESPERO

Alguém caminha pelas ruas,

olha o relógio,

ele sente como se enfrentasse

o momento mais terrível de sua vida,

o prenúncio de sua morte,

instantes mais aterrorizantes

que todos os pesadelos que já viveu.

Aperta o passo e olha para o relógio

que parece estacionado no tempo.

O canto dos animais noturnos

mais parece um hino das profundezas do seu ser.

Um frio percorre o seu coração

que acelera mais e mais.

Agora, uma força estranha

o atrai para lugares desconhecidos,

caminhos que seus pés se negam a seguir.

Tenta parar, porém, é levado à força.

Grita com pavor na noite.

... só alucinantes ecos como resposta.

De repente, pensa estar ficando louco

pois o vento frio fere sua alma como fogo

e os galhos das árvores

parecem tenazes braços à sua procura.

Ele grita mais alto,

mas dessa vez só o silêncio,

só lembranças do passado,

imagens de suas vítimas sorriem ao seu lado.

De repente, o vazio total.

... a morte.

Ao acordar, o medo,

pois o pesadelo poderia se tornar realidade.

Então, um juramento forçado,

a chance de se redimir

e, ao menos, tentar evitar novos erros.