A Vida em Poesia.
Por Carlos Sena 



"A emenda é pior do que o soneto" - frase que costumamos dizer quando tentamos corrigir um erro e pioramos a situação. Porque no soneto da vida, há estrofes que não se corrigem, mas requerem de nos a convivência harmônica.  Tomando por base a vida enquanto soneto, temos que não nos perder por falta de poesia. A poesia, está sim, tem que está atrelada ao nosso modo de viver e ser feliz. Algo como fazer do limão uma limonada? Talvez, mas não necessariamente. Porque há casos na vida em que precisamos fazer careta para compreender os azedumes da existência. Há outros, em que, sabedores dos azedumes, poderemos fazer a tal limonada. 
A vida no formato de poesia é fundamental. Esta, a poesia, tem que existir independente da forma, do estilo. Um soneto como forma de vida nos convida a sempre recitar um verso moderno, porque os sonetos por sua origem são muito ríspidos nas suas formações. Herméticos, porque não dizer? Mas, há quem só saiba viver no formato soneto e quem só saiba viver no formato verso branco, ou moderno, ou concreto, ou outro estilo que melhor convier. 
Nesse tear prosaico, há que se entender que poesia é um sentimento em que a beleza se permite discorrer independente da forma literária. Alguém pode escrever uma prosa com poesia no meio e isto é lindo. Do mesmo jeito que muitos escrevem no formato de soneto, mas sem poesia. Acasalar os estilos e composição talvez seja o mais recomendável, ou seja, levar a vida com suas asperezas, mas sabendo colocar nela pitadas de poesia e de leveza. Por isso é preciso ter cuidado com a emenda da vida. Porque há emendas existenciais que não se corrigem nesta existência, mas que com um novo olhar da vida, poderemos conviver e ser feliz apesar dela. 
Olhando a vida no prisma do soneto, há necessidade de sempre se compor um poema "simplinho". Perdoar, não guardar magoa, talvez sejam um pouco disso no nosso contexto poético vivencial. Mas, o maior cuidado é na hora de se fazer "emendas" no nosso viver. Porque de uma coisa temos que ter certeza: nem sempre os amores novos substituem os velhos! No rigor simétrico do soneto, cuidemos para não cair em descuido com suas emendas... Porque "Esses que estão por aí atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho". ( Mario Quintana), o meu poeta preferido.