O MELHOR DO SILÊNCIO

Todo relacionamento parte do diálogo mesmo que ele aconteça sem palavras, a confabulação pode ocorrer entre pessoas que falam idiomas diferentes. Assim diz o ditado: "Quando um não quer dois não brigam". Para que exista compartilhamento de ideias é necessário apenas que duas pessoas estejam dispostas a fazê-lo. Quando nos sentimos sintonizados podemos dialogar horas sem balbuciar palavra alguma.

Antigamente esta forma de colóquio era muito utilizada entre pais e filhos, a sincronia pairava no ar, assim o filho pelo olhar do pai reconhecia se a sua atitude estava sendo aprovada ou não e endireitava-se no mesmo instante, não era necessário o genitor pronunciar uma sílaba sequer. Na mais tenra idade já se percebia essa acuidade.

No entanto, atualmente por mais que se use o vocabulário do dicionário completo o desentendimento é geral; o que se diz da era da comunicação, é que a tendência do século é primar pela posse dos bens materiais, com o exagero do consumo, tendo a razão o mundo técnico-científico. Será inversamente proporcional a distância virtual com a do coração?

Por várias vezes Jesus fala a respeito do valor do ser humano, que um vale mais que o mundo inteiro. "Pois quanto mais vale um homem do que uma ovelha”. Se naquela época em que o Capitalismo não passava de uma vaga sombra do atual, maior é o que tem dominado e influenciado o mundo vigente. Não valorizam o que não se conhecem, e também não conhecem o que se não valorizam.

Conhecer o ser humano tem sido o desafio pertinente ao longo dos séculos, dar valor as coisas que realmente contam e fazem peso para nós. Nos mulheres e homens do século vigente, precisamos nos encontrar na contemplação de uma flor de campo, no pisar na terra, no andar na chuva sem nos preocuparmos com a sombrinha.

Também saber que estar ao lado das pessoas queridas é mais importante que alguns cruzeiros a mais na carteira. Escutar a voz do coração é melhor que pronunciar palavras as multidões, olhar fixamente é melhor do que passar as vistas e além de tudo reconhecer que o envolvimento com sofrimento é melhor do que a calmaria do fingir não ter consciência de nada. finalmente apreciar o lado bom da solidão que é estar perto da sua própria pessoa. Pra mim o bom do silêncio é dialogar com alguém nem que seja comigo mesma.