Noite

Certa vez - eu me lembro - estava parada no meio de um rio.

A água era limpa, era quente, era transparente e eu podia ver claramente a terra, pedras, eu podia ver o chão.

Abaixei minhas mãos então, e como concha, eu puxei uma quantidade da água.

E me vi refletida nela.

Com olhos vermelhos e inchados.

A água escorregou pelos meus dedos.

E então percebi que era minha felicidade, escorrendo, retornando para o rio.

O rio das minhas lágrimas.

O rio de tristeza.

No nada, no vazio, na noite interminável.

Eu sozinha no rio.

Vasto erro de todos os dias.

Erro de toda vida.

Só restam lágrimas.

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 21/05/2014
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