Noite
Certa vez - eu me lembro - estava parada no meio de um rio.
A água era limpa, era quente, era transparente e eu podia ver claramente a terra, pedras, eu podia ver o chão.
Abaixei minhas mãos então, e como concha, eu puxei uma quantidade da água.
E me vi refletida nela.
Com olhos vermelhos e inchados.
A água escorregou pelos meus dedos.
E então percebi que era minha felicidade, escorrendo, retornando para o rio.
O rio das minhas lágrimas.
O rio de tristeza.
No nada, no vazio, na noite interminável.
Eu sozinha no rio.
Vasto erro de todos os dias.
Erro de toda vida.
Só restam lágrimas.