Esperar

A rotina da espera nem sempre é fechada, não nos cabe sentarmos em nossa própria ocasião e esperar a certa. A espera trata-se da arte da paciência, aquela que nossos olhos podem observar e nossas mãos sentirem gotas d’água fugindo do céu, talvez lágrimas de Deus, talvez travessuras das nuvens, mas esperamos que elas parem e o sol nos ilumine. Quando esperamos a chuva, temos a urgência de banhar nossa alma e estarmos em contato direto com a real fonte da vida. Alguns são azuis, outros são vermelhos, alguns precisam da chuva, outros do sol.

A paciência é a virtude da sabedoria, de ter a fé na hora certa, aquela marcada em nossas vidas pelo dedo do tempo e fragmentos do destino. Não sabemos o que esperar, mas sabemos que algo chegará. Chegarás o bem, chegará o mal, o certo é que não viveríamos sem esperar. O tempo faz parte da espera, não interferimos no tempo, mas podemos manipulá-lo, transformarmos seus atributos em nossas lembranças, boas ou ruins. Estas, nossa mente não pede para gravar.

Esperar como a esperança, quem acredita sempre alcança, no que acreditou, no que esperou, no que teve esperança. Esperar é a trilha que traçamos sem nos movimentarmos. Nosso pensamento voa, nosso corpo é estático. Pensamentos levem-me desta vida, façam voar pelas nuvens espelhadas pelos oceanos, e apreciar os ventos que me levarão para onde quiserem. Esperando nessa sala, vejo as aragens levarem as nuvens para novos horizontes. Observei uma ao céu, parecia ser uma flecha, olhei novamente, já havia sumido. Talvez tenha cansado de esperar, ou talvez apenas minha imaginação fora, através da esperança de aguardar.