Desabafo

Acho que esse momento, aqui, agora, no ato e desabafo desses movimentos sincronizados e doloridos. De satisfação anímica, de ato pessoal e secreto. De liberdade musicada, de sonhar com os olhos bem abertos, de loucura por mais, bem mais, mais de mim, mais do mundo, mais da solidão... Mais do nada, do oculto. Do grito no escuro, da dor de viver.

Ah... Pode ser tanta coisa... pode ser uma expectativa do nada, do vazio do meu ser, das palavras perdidas, dos planos despedaçados, da tua ausência, ou da tua presença. Calado!!! Gelado! Abafado! Coroado! Coroado traidor de mim... Esse momento é para coroar-te, Príncipe da mentira. Homem acinzentado. Dispensando a alegria do puro sentimento de aceitação do meu ser estranho e solitário. Me convences da minha desprezível companhia, de minha alma angustiada e desesperada por verdade, por verdades... Alma solitária e incompleta... Por que sempre sou eu a abandonada, a alma desabrochada, comungada, destroçada, arruinada... Desgraçada. Serei sempre a outra, aquela que limpa a ferida das outras flores e que depois é esquecida, trocada pelos “verdadeiros amores”.

É esse momento, homem cruel... Esse momento que não é teu, mas meu. Que te largo... me desfaço de ti, do teu corpo, da tua barba, do teu beijo, da tua alma... Me descolo, de descontrolo, choro...

Escureço, entristeço, quero colo, quero raiz... Feliz?

Me diz? Cicatriz...

Intervalo do giz.

2013

Brígida Oliveira
Enviado por Brígida Oliveira em 19/05/2014
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