O Próximo
O pulsar dos meus olhos faz meu coração enxergar o resto de amor que há na alma do meu próximo, e isso só e possível porque o próximo é impessoal: sem nome, sem raça, sem classe, sem título algum, ao contrário, duvidaria da possibilidade de existir alguma bondade em quem pode ser definido: via de regra quem tem nome não tem amor. Esse é o conceito realista-pessimista daqueles que já perderam a fé no ser (des)humano.
Mas o próximo não existe, é abstrato, é incorpóreo, é apenas um um escape que a língua nos deu para se referir a alguém que nunca deu o ar da sua (des)graça no universo: o próximo é um ser indefinido, e por assim ser, é provável que haja amor em seu íntimo.
O próximo é a encarnação do nada. É um ser feito de vazio, de um abismo sem fim. Mas pode ser divino também, afinal,o vazio e o abismo são atributos inerentes a qualquer um que receba o nome de Deus.
Então, que seja assim: o próximo é o ser mais próximo de Deus.