SOLIDÃO DA NOITE

Adoro contemplar a solidão da noite,

sobretudo quando encontro-me só em íntimos instantes meditativos.

Sinto que, ao compartilhar de sua tristeza solitária,

reverto-a com a minha solitária alegria,

no deleite de compor inspirados textos literários noturnos.

Apraz-me conciliar a minha solidão com a solidão da noite,

porque assim, não sinto-me só, nutrindo-me da amplitude de sua solidez,

que é apenas aparente, e faz-se predominante interinamente de um lado

do planeta, enquanto do outro é dia.

Há sempre o aspecto misterioso, para a alma sensível que contempla a noite,

a partir da magia silenciosa que emana de sua encantadora solidão.

Se para uns, a solidão (sobretudo a solidão noturna) é um estímulo à

incômoda depressão; para outros, dotados de maior sensibilidade

metafísica, ela propicia o sempre difícil aprendizado introspectivo.

Conquanto, é em minha útil solidão (mais noturna do que diurna), que

encontro motivação inspirada para escrever textos poéticos ou prosaicos.

Contemplar os astros luminosos e iluminados (as luas, as estrelas, os

planetas), é ver e sentir em meu espírito que na fenomenal solidão da noite,

a vida move-se pujante, existindo e sobre-existindo em Deus, com Deus e

para Deus eternamente.

Desse modo, não gero melancolia em meu espírito, aprazendo-me todo

tempo com a solidão oriunda da noite, que me proporciona inefável alegria.

Por fim, todo artista, será sempre um amante zeloso de sua solidão,

porque é dela que retira o vigor, a habilidade e a sensibilidade para cultivar,

exercitar e semear a sua arte, além de nutrir essencialmente o seu espírito,

do prodigioso e transcendente ato de criação artística.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 18/05/2014
Código do texto: T4810756
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