SOLIDÃO DA NOITE
Adoro contemplar a solidão da noite,
sobretudo quando encontro-me só em íntimos instantes meditativos.
Sinto que, ao compartilhar de sua tristeza solitária,
reverto-a com a minha solitária alegria,
no deleite de compor inspirados textos literários noturnos.
Apraz-me conciliar a minha solidão com a solidão da noite,
porque assim, não sinto-me só, nutrindo-me da amplitude de sua solidez,
que é apenas aparente, e faz-se predominante interinamente de um lado
do planeta, enquanto do outro é dia.
Há sempre o aspecto misterioso, para a alma sensível que contempla a noite,
a partir da magia silenciosa que emana de sua encantadora solidão.
Se para uns, a solidão (sobretudo a solidão noturna) é um estímulo à
incômoda depressão; para outros, dotados de maior sensibilidade
metafísica, ela propicia o sempre difícil aprendizado introspectivo.
Conquanto, é em minha útil solidão (mais noturna do que diurna), que
encontro motivação inspirada para escrever textos poéticos ou prosaicos.
Contemplar os astros luminosos e iluminados (as luas, as estrelas, os
planetas), é ver e sentir em meu espírito que na fenomenal solidão da noite,
a vida move-se pujante, existindo e sobre-existindo em Deus, com Deus e
para Deus eternamente.
Desse modo, não gero melancolia em meu espírito, aprazendo-me todo
tempo com a solidão oriunda da noite, que me proporciona inefável alegria.
Por fim, todo artista, será sempre um amante zeloso de sua solidão,
porque é dela que retira o vigor, a habilidade e a sensibilidade para cultivar,
exercitar e semear a sua arte, além de nutrir essencialmente o seu espírito,
do prodigioso e transcendente ato de criação artística.