ENVELHECER
É saber desfrutar das marcas do tempo,
Desapegando-se da vaidade humana...
É esquecer a beleza da carne,
Para assumir a experiências da alma...
É não ter medo de partir,
Nem temer o desconhecido...
É procurar os óculos na própria face,
Ou trocar os chinelos,
Confundindo entes queridos,
Como se deles, necessitássemos apenas do afeto...
Envelhecer seja talvez, ver fogo aonde há água,
E no meio da água, encontrar-se com o próprio fogo...
É olhar para trás com a mesma inocência de quando criança,
É resgatar o tempo, como se a vida fosse uma mentira,
E o que resta de verdade é apenas a esperança...
É não ter pressa para a vida,
Pois a urgência, é que mata o homem,
Como se o tempo fosse sua própria partida...
Envelhecer então é isso,
É não ter mais respostas para tudo,
Nem opiniões tão formadas...
É olhar a algazarra dos netos
É ver iniciar-se mais uma longa jornada...
Envelhecer é a certeza do nada,
É trocar as noites, talvez pelos dias
Como se fosse cada segundo
O inicio de mais uma jornada...
Envelhecer é não ter sido abortado em vida,
É fiar o tempo,
Com as linhas da própria face,
Tramando uma colcha de retalhos,
Tecendo os fiapos de vida.
Albertina Chraim