MADEIRA DE LEI (Autobiográfica)
 
Madeira de Lei, termo usado desde o tempo do Império,
termo antigo... que não se refere a madeira alguma,
E ao mesmo tempo a todas as madeiras que são nobres.
Madeira nobre é madeira pesada, é dura e muito resistente...
Sou pesada... dura até demais.
Mas resistente, sei que eu não sou.
Gostaria de ser flexível como o Bambu.
Mas me sinto frágil com uma folha de papel.
Ah! Já sei: Papel de madeira de lei!
Sina minha, minha escolha, ou fibra?
Minha cor: castanha - clara, levemente amarelada,
Dourada ao Sol, linda se bem amada, bem alisada!
Madeira de Lei, de superfície lisa, lustrosa,
Se estou feliz, radiante, brilho.
Com certeza sou espécie em extinção,
Rara, e difícil de ser encontrada.
Mulheres da minha geração,
Criadas para serem "boazinhas"
Já fui muito explorada,
Sina minha, minha escolha...
Madeira de Lei, resiste ao tempo,
No tempo, exposta... me transformo...
Quando enraizada, me deixo cortar e volto sempre inteira,
E dou de presente sementes aladas em forma de coração!
Me dizer "madeira de lei", pode ser uma forma
De não me referir a madeira alguma...?!...
Nobre, talvez...
Em constante transformação, com certeza!
Ainda buscando identidade??? Ufa...
De tábua de carne, móveis, a construção naval,
Até a caixa de engraxate do Pelé foi feita em madeira de lei...
E atenção: não faça fogueira de mim, ou... faça sim...
Me domine, me esculpi, eu me entrego inteira...
Mas, não me explore, não me use:
ME AME, ACARICIE....
SOU MADEIRA DE LEI.

Vila Velha (02/06/05)
Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 09/05/2007
Reeditado em 10/08/2014
Código do texto: T481013
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