Saudade

Oi... Tarde da noite já... Estou cansado... Um pouco melancólico... Bonitos os textos que você posta no Facebook...Essa semana foi difícil demais... Reviver meu drama de vida... A libertação que já tem 14 anos... A verdade é que a gente nunca se liberta de vez...Sempre vez ou outra volta tudo...Só não volta no físico porque não me destruo mais...Estou ouvindo músicas do tempo de garoto, uma das melhores épocas da minha vida...Daria tudo pra ter de volta essas experiências... Para ter uma foto dos amigos juntos, dos lugares, pessoas...Sinto muita saudade do que vivi antes dos trinta anos de idade...Minha vida se divide em duas partes. Antes de 30 e depois de 30. Eu sofri sempre, mas antes era menor que a alegria.

Enfim...A vida é isso... Cansado de ter de silenciar a alma diante de tanta coisa má...É dificil viver quando não se sabe onde está o motivo...Não se importe... O silêncio me faz assim por vezes...Passo os dias com pessoas que não acredito nelas...Lá fora essas pessoas estão lá... Vazias...Saio de lá e pego uma bike no meio do mato ou numa estrada de asfalto e vivo ali o silêncio que só é quebrado pelo meu respirar em meio a suor e pensamentos que estalam de saudade, raiva, sede de vencer a mim mesmo...Entro na minha casa e aqui dois anjos de pelos e patas são meu mundo...Uma tela de Pc às vezes é a companhia, ou um programa de Tv...No mais é só... Conhecidos desconhecidos, amigos mesmo estão ocupados com suas próprias vidas mesmo postando coisas no tal Facebook...Ao menos hoje fui no Centro ouvir uma palestra e me prestar a dar passes nas pessoas necessitadas...E fui vestindo uma camiseta de manga longa azul que fazia dois anos que não entrava em mim...Pelo menos isso me tirou um breve sorriso hoje...Não sinto saudade de um, dois, cinco anos atrás...Sinto saudade de vinte, trinta anos atrás...Sou um poeta, um homem de coragem, sou desafiador, instável, forte... Mas sinto saudade... Não saudade tão somente de uma pessoa... De todas, de todos os aspectos, graus de convivência, cores, condições financeiras, posição social, relação comigo, enfim, todas que viveram comigo minhas três primeiras décadas de vida... Minha madrinha, meus amigos, minha escola, meus primeiros carros, motos, bailes, namoradas, descobertas, erros...Sinto falta daquela atmosfera de encanto, daquele pulsar de vida latejante, decente, envolvente...Nada paga e nada apaga esses anos da minha mente, do meu coração... Estou quase doente dessa saudade que me invade...Enfim, o jeito é esperar o fim...

Prosa poética escrita de improviso...Nesta noite, nesta hora, destas mãos, vista através destes olhos molhados de lágrimas, desse coração machucado por lástimas, desse cara sem rosto, perdido, achado, esquecido, dessa mente agitada, prosa poética dita, escrita no vazio do silêncio daqui dessas paredes cor de nada , palavras escritas deste ninguém que horas, minutos, anos, se sente alguém... Às vezes...

Sandro La Luna
Enviado por Sandro La Luna em 16/05/2014
Reeditado em 31/10/2019
Código do texto: T4808059
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