Do Silêncio
Por Carlos Sena 



Acho que o silêncio deva ser sempre a resposta às inquietações da alma humana. O silêncio que cala, que denota o "saber e fazer a hora". Silêncio da paz dos mosteiros; da mais bela poesia que de tão profunda nos cala a alma. Silêncio que ajuda a esperar com sabedoria - como quem entende que que a vida dá voltas. Ou como quem, por não entender se cala pela possibilidade de se passar por sábio. Silêncio dos que entendem que o mundo dá voltas e que o acaso sempre se dilui diante das vidências da vida subtraída pela falta de tolerância.
Gosto do silêncio. Mesmo o dos inocentes inúteis que, por falta de amor se calam na escuridão da vida. Mesmo o dos que se dizem injustiçados e que por isso vociferam, gritam, grunhem em busca de ser ouvidos... Silêncio dos anjos que morreram antes de nascer e que, do outro lado da eternidade nos permitem melhorar mesmo que não creiamos nisso. Silêncio de mim. Do que me duvida e do que me mantém vivo quando a única certeza é a falta de conhecimento de mim...