Princesa Sarah
"Meu Deus! Por que não morri?
Por que no sono acordei?"
(ÁLVARES DE AZEVEDO)
Toda noite sonho com um reino de flores, governado por Sarah, a princesa de meus sonhos. Ela me toma pelas mãos e me leva para bailar em meio às tulipas, como aquelas que eu costumava ver em Tulpstraat.
Em meus sonhos, nós nos deitamos na relva e olhamos as nuvens, boiando como naus de algodão no céu, e os cisnes que planam graciosos no encalço delas.
Aperto sua mão cálida e morena contra meu peito frio e quase sem vida, repleto de cicatrizes que o ódio me fez, e só o que importa para mim é ela e nada mais. E enquanto estamos unidos em laços da mais pura amizade, sinto que o tempo não passa e queria expirar para sempre neste sonho.
Porém, como todos os sonhos, eles fenecem com o nascer do Sol, mas ainda ouço os risos de Sarah e sinto o cheiro das flores em minhas vestes ao acordar, e me pergunto se ela na verdade não é uma fada que, sabendo da tristeza de minha alma e compadecendo-se de mim, tenta devolver-me algumas das esperanças que o mundo espatifou cruelmente diante de meus olhos.