Num certo 10 de maio, Dia das Mães...
Bolinho de chuva
Pois é, ainda chove.
Gotinhas prateadas brincam de escorregador na minha vidraça.
O domingo passa.
Tive vontade de comer bolinhos de banana salpicados com açúcar e canela: bolinhos de chuva.
Mas ninguém me fará bolinhos iguais aos dela.
Observo os pingos de chuva escorrendo, escorrendo...
Sopro a vidraça e desenho um coração,
como fazia quando a gente morava na casa amarela.
Hoje, a casa está vazia e o meu peito repleto de lembranças.
Gotas brotam nos meus olhos e escorrem; escorrem por minhas faces
- Chovendo me vejo.
Embaçaram meus óculos... alguém os terá soprado? Talvez.
Ao retirá-los, percebo algo desenhado, e reconheço o contorno daqueles lábios:
_Mãe, foi como se mais uma vez você tivesse me beijado!
10/05/90
PS: este poema, registrado como, praticamente toda a minha obra, recebeu alguns prêmios.