ANTROPOFÁGICOS

Dentro dessas transgressões o embriagar dos olhos que se cheiram e se reconhecem na loucura, nessas carnes “teaga(sendo) “desejo de cura para o mal do século.

Eis que o mal do século é esse vazio imerso nos corpos dos que correm para algum caminho longe de si.

Nós corremos por atalhos encantados de sorrisos de gatos, sol espairecendo em árvores, doces de Alices e verbos inconjugáveis na boca.

Sim, saliva na boca as cores, a magia vivenciada no gole, no outro, no nosso. Aqui na Terra do Nunca tudo é Sempre , estamos nesse quadro em movimento,sem molduras, pendurado no céu, imaginamos ser nuvens. Voamos.

Além do profano o que há de sagrado é o sorriso corroendo os dedos, fortalecendo o abraço, erodindo o cálice desse vinho de mesa, o beijo é a hóstia sagrada.

Um pé de manga, cana-de-açúcar, goiabeira, Moraes e Raiz , tudo é um quintal regado de risos em lua luz, “o sol já raiou” avisa aos pássaros que as Filhas de Baby acordaram, que o café pode ser amargo, mas tem açúcar, que o banheiro tem gente, mas no muro tem bica, que não existe sofá, mas tem colos. Avisa, mas avisa mesmo que aqui tem amor.

Yana Moura
Enviado por Yana Moura em 04/05/2014
Reeditado em 13/04/2020
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