Minha pequenina e doce mãe!

Esta vida acelerada em que vivemos, sem tempo de parar e olhar a nossa volta, nos deixa um pouco menos sensíveis e emotivos como deveríamos.

Mas com a chegada do dia das mães não pude me esquivar de sentimentos suaves, amorosos, melancólicos até, sobre a minha mãe, que partiu há pouco tempo, deixando um vazio, uma sensação de orfandade que jamais será superada.

Pequenina, silenciosa, prendada, como se dizia há algum tempo, era uma artista! Bordava, pintava, fazia peças de uma originalidade surpreendente.

Lembro-me de suas tapeçarias e dos quadros que forravam as paredes de nossa casa. De uma dedicação ímpar à família. Educou-nos com rigidez, mas com amor, muitas vezes pouco exteriorizado, pois era também austera e sabia controlar as emoções como ninguém. Falava pouco, era, no entanto, incisiva; muitas vezes, ao discordar, preferia manter-se calada para que a harmonia não se esvanecesse.

Viveu até aos 94 anos. Lúcida! Extremamente consciente da vida que se ia aos poucos. Com fé inabalável nos preceitos católicos, viveu até o fim fazendo suas orações diárias para cada filho, para cada neto, os quais eram sua alegria e encantamento.Diante dos netos, tornava-se uma criança como eles. Inventava brincadeiras, cozinhava delícias, surpreendia-os a todo encontro. E a recíproca era verdadeira: os netos a amavam ternamente. Quem a conheceu sabe de sua força interior diante das vicissitudes. Meu pai, inteligência brilhante, múltipla, carismática, fazia-lhe sombra - grandes sombras... mas ela soube conviver com isso, fazendo-se inteiramente necessária ao sucesso de meu pai, que na sua visão de homem avant-garde a amava e admirava profundamente.

Mamãe era pequena, mas o tempo deixou-a pequenina. Sempre vaidosa, não dispensava o batom suave nos lábios. Cobrava-nos bons modos, postura e fala.

Saudades imensas de suas ponderações, de seu olhar compassivo!

Saudades de uma mãe que cumpriu, a cada dia a escolha que fez: ser mãe e mãe completamente.

Tento, mamãe, seguir-lhe os passos, mas os tempos são outros, as escolhas são tão impositivas, os sentimentos são tão confusos!!!- que a tarefa de ser mãe curva-me os ombros muitas vezes. Oro por você sempre e principalmente neste dia, no entanto, faço-lhe um pedido, continue, de onde está, a orar também por nós, seus filhos. A certeza de suas orações nos dará forças para seguirmos, espelhados em seu exemplo, em seu amor mágico e em sua figura de mulher sábia e fiel a sua escolha de vida.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 03/05/2014
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