ANALFABETISMO
ANALFABETISMO
Sinto uma dor
A dor de quem já não sabe expressar com a língua e com as mãos
O que verdadeiramente sente, sem pestanejar.
O Mundo é cheio de livros,
Letrinhas descontroladas a me espiar.
Palavras soltas ao vento, sinto o cheiro de mar!
Sou analfabeto, mas quero amar.
Meu ônibus é sempre errado porque não sei adivinhar?
Deixo a vida me levar...
Sinto uma dor de tristeza,
Nem meu nome sei desenhar!
Queria saber escrever meu nome e o nome da minha amada.
Queria saber ler o nome do meu bairro, da minha rua.
Tenho curiosidade de saber como seria a minha letra no papel branco da escola.
Como seria o primeiro dia de aula da professora sendo eu aluno!
Sairia feliz por aí afora,
Sem mais chorar por não saber ler e escrever.
Tudo seria tão bonito,
Nos escritórios da cidade grande me chamariam de Doutor!
E de repente, poderia declarar o meu amor nesta tal de internet,
Poderia escrever cartas, poemas, Histórias sem fim.
Mas, já não sou moço, já não sou belo, já não tenho dentes e cabelos.
Me visto com trapos, me alimento de restos, sou pobre, brasileiro mas tenho sonhos!
Não tenho times, não tenho vícios, só queria cometer dois desatinos:
Saber Ler e Escrever.
Alguém me ensina, por favor?
Andréa Ermelin
03 de maio de 2014.
Às 19:23h
Sábado
Salvador-Bahia/Brasil