TUA GAIOLA
Como cavidade de um ventre
Voltas ao útero
Como forma protegida
De prevenir-te de teus lutos...
E a porta mesmo que entre aberta
Cerra-te em teus medos
Entre frestas comprimindo os sonhos
Conservados em segredos...
E ela, mesmo em madeira
Construída em finas varetas
Parecem-te jaulas que abrigam as feras
Ao aprisionar-te em teus medos...
Em teu ninho camuflado
Como coberta sem leito
Encobres teu corpo
Em teus mais íntimos segredos...
E na direção que faz o vento
Vês entre as frestas
Passar teus sonhos,
Menores que teus anseios...
La, aonde o vento faz caminho
Estão tuas gaiolas
A condenar-te em teus receios
Renegando o desconhecido
Como se o que estivesse perto
É o que te causa-se arrepios.
É como se, não existissem tuas asas,
E tua liberdade, dependesse de um libertador...
Qual a função desta gaiola
Que aprisiona um sonhador?
Albertina Chraim