AS PEDRAS DO CAMINHO

Eu não durmo e tenho receio:

das pedras que derrubam pássaros do pessegueiro

das pedras que esmagam borboletas multicores

das pedras invisíveis do meio do caminho.

As pedras são decorativas quando querem

e quando não, derrubam nossas casas

sem nenhum aviso, provocando muita dor!

Pedra arma

pedra que ama

pedra que machuca

a pedra do meio do caminho.

Pedras não falam! Pedras não se movem!...

Então, porque é que elas nos atingem?

Eu tenho receio das pedras que rolam...

pedras rolando no chão

pedras duras, que furam

pedras em grãos

pedras sabão...

Já não se parte a pedra com uma bomba

e nem há dinamite que chegue para explosões;

é impossível vencer os males cotidianos.

Esses males-pedras nos circundam

e rolam e giram, dia-a-dia, ceviciantes.

Se arrastam, como coisas à espreita

batendo forte, esmagando o chão

deixando sulcos e formando rios...

Pedros milhares sem casas

pedras em cascalho aos milhares

pedras destruindo milhares de Pedros

Pedros suados, pedras raras e caras.

Pra não dizer que eu não falei das pedras:

- Eu tenho receio que essas pedras

tenham chegado de longe nos visitar

e um dia, sem aviso, partirão prontas!

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 02/05/2014
Reeditado em 16/01/2024
Código do texto: T4791770
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