AS PEDRAS DO CAMINHO
Eu não durmo e tenho receio:
das pedras que derrubam pássaros do pessegueiro
das pedras que esmagam borboletas multicores
das pedras invisíveis do meio do caminho.
As pedras são decorativas quando querem
e quando não, derrubam nossas casas
sem nenhum aviso, provocando muita dor!
Pedra arma
pedra que ama
pedra que machuca
a pedra do meio do caminho.
Pedras não falam! Pedras não se movem!...
Então, porque é que elas nos atingem?
Eu tenho receio das pedras que rolam...
pedras rolando no chão
pedras duras, que furam
pedras em grãos
pedras sabão...
Já não se parte a pedra com uma bomba
e nem há dinamite que chegue para explosões;
é impossível vencer os males cotidianos.
Esses males-pedras nos circundam
e rolam e giram, dia-a-dia, ceviciantes.
Se arrastam, como coisas à espreita
batendo forte, esmagando o chão
deixando sulcos e formando rios...
Pedros milhares sem casas
pedras em cascalho aos milhares
pedras destruindo milhares de Pedros
Pedros suados, pedras raras e caras.
Pra não dizer que eu não falei das pedras:
- Eu tenho receio que essas pedras
tenham chegado de longe nos visitar
e um dia, sem aviso, partirão prontas!