EM CHAMAS NO CAFÉ LA PLATA

O vento sopra na tarde absoluta de maio.

O café, fumegando, exala vapor de fumaça.

Pequenas nuvens se formam e deslizam

absortas na Avenue des Champs-Elisées.

A poesia está em chamas no Café La Plata

e você está impoluta, absurda, alheia...

sem segredos

sem máscara

e decide ser heterônimo de Fernando Pessoa

ser pseudônimo de suas próprias armadilhas.

Páris furtivo, sob as estrelas de Troia

observa a beleza dos cabelos de Helena.

Em Mitilene, Alceu debruça envergonhado

e Safo lamenta suas desventuras.

A poesia está em chamas no Café La Plata

e, eu me alimento desses gestos pequenos

dos seus olhos

dos seus cabelos

da sua pele macia

em minhas veias, nos meus lábios

anseio mordiscar esse sorriso que te escapa

embebido em mel e sal dos seus lábios.

Me torno um Dom Quixote de outro jeito

sem armadura, nem cavalo arreado;

marcando passos com pernas de anjo

deslizando nos cumes dos montes

derrubando lágrimas das nuvens.

A poesia está em chamas no Café La Plata

e você está absurda, absorta, algures...

expondo-se

exalando-se

como o sol úmido e solidário de Paris

que banha seus cabelos em raios dourados.

Me disfarço de Perseu, não temo Hades

venço titãs por ti Andrômeda

princesa, ideal inatingível

que busco no piscar de cada estrela.

A poesia está em chamas no Café La Plata

e você se rende, cativa, vencida no palco.

peço a música

danço a valsa

beijo seus lábios

estamos em chamas!

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 02/05/2014
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T4791743
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