Peregrino
Quem é aquele que vaga pelo deserto ao longe,
Que aparece como simples miragem,
Que faz pensar nas coisas da vida
E naquelas histórias de antigamente?
Quem é aquele que nada em águas profundas,
Que traz à tona antigas verdades,
Denunciando os crimes dos homens,
E perturbando a ordem da nossa mente?
Quem é aquele que surge do fundo da selva,
Que enfrentou as feras e plantas carnívoras,
Que sobreviveu aos visgos da vida
E, agora, trouxe-nos flores em sua vitória?
Quem é aquele sonhador que enfrentou o mundo,
E sobreviveu para contar as suas histórias?
Peregrino, andarilho, vagabundo;
Parece um mendigo, tão sujo e imundo,
Que nenhum de nós quis ou tentou conhecer.
Quem é aquele que encarou toda a seca,
Foi até os confins do mundo e nos deu água?
Quem é aquele que, sozinho no meio de todos,
Foi capaz de sorrir em meio à mágoa?
De repente avisto, no fim da estrada, a sua figura.
Homem que caminha rápido, sem tempo;
Não descansa e não pensa duas vezes.
E então, nas curvas da vida, nos ermos da existência,
Se não houver nossa desistência,
Seus passos seguiremos e seu rosto iremos ver...