Máquina desleal
Se você tem, por que o vazio?
Se você sabe, por que a dúvida?
Se você existe, por que não é?
Fala, de onde toda a sua inexistência?
Se você pode, anda, faz. Por que não faz?
Se você vive, por que não respira mais, pelo menos uma vez mais?
Se você sente, e sente tanto, por que o embotamento?
Se você um dia amou, e riu, e parou pelo canto das cigarras,
por que hoje vai com tanta pressa?
Me diz, pra onde tanta pressa?
Se o sol ainda arde em tua pele, se à noite tu ainda sonhas,
se da tua metálica insanidade ainda verte sangue(e ele é quente!),
por que esses olhos desumanos?
Olha, percebe essa máquina desleal se desfazendo em pedaços.
Escute o baque, o tombo de cada um deles.
Vai, percebe que não são pedaços.
São você, são teus gritos, é tua vida.
É tua única chance.