Máquina desleal

Se você tem, por que o vazio?

Se você sabe, por que a dúvida?

Se você existe, por que não é?

Fala, de onde toda a sua inexistência?

Se você pode, anda, faz. Por que não faz?

Se você vive, por que não respira mais, pelo menos uma vez mais?

Se você sente, e sente tanto, por que o embotamento?

Se você um dia amou, e riu, e parou pelo canto das cigarras,

por que hoje vai com tanta pressa?

Me diz, pra onde tanta pressa?

Se o sol ainda arde em tua pele, se à noite tu ainda sonhas,

se da tua metálica insanidade ainda verte sangue(e ele é quente!),

por que esses olhos desumanos?

Olha, percebe essa máquina desleal se desfazendo em pedaços.

Escute o baque, o tombo de cada um deles.

Vai, percebe que não são pedaços.

São você, são teus gritos, é tua vida.

É tua única chance.

Cesar Bueno Franco
Enviado por Cesar Bueno Franco em 26/04/2014
Reeditado em 26/04/2014
Código do texto: T4783671
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