Bateu Levou.
Bateu, Levou
Que idiotice! Passei a vida toda exercendo o direito de revidar às ofensas recebidas. Levar desaforos para casa, nunca!
Oferecer a outra face para bater... Jamais!
Durante muito tempo o sangue jorrou em minhas veias, como o lamaçal de um rio depois de uma tempestade.
Mas um dia sacudi a cabeça. Uma voz abstrata vinda não sei de onde, cochichou nos meus ouvidos alguma coisa não muito clara, mas perfeitamente compreensível. Era um “puxão de orelha”. Por quê? Sempre fui honesto e cumpridor de meus deveres... Só não suportava ofensas. Bateu, levou! Foi aí que passei a meditar: o que é certo? O que é errado?
Foi então que aconteceu a metamorfose.
Não! Agora sei que estou doente e perdido. Vou sair das trevas da ignorância e não pretendo mais voltar.
Agora sei até que ponto estive doente. Agora posso dizer que me encontrei.
Estava sendo maltratado por uma doença que eu não conhecia.
Agora posso seguir meu caminho sem aquele veneno que, consumia lentamente, minha consciência e a razão.