VITRINE
Abro a janela.
Dá para a rua. Movimentada.
Descendo a ladeira a passos lentos,
vejo o casal de idosos.
Estão indo caminhar
no parque próximo daqui.
- Bom dia! Bom dia, digo eu!
Algazarra.
As vozes são da meninada
indo ao colégio.
Discutem entre si, parece que
sobre o futebol da véspera.
Surge então a menina da moto.
Cabelos louros ao vento,
uma princesa! Vejo-a todos os dias.
Vai para o trabalho.
Carros passam apressados
transportando anônimos.
Também bicicletas.
- Olha o pão, diz o padeiro,
e também tem jornal!...
Tudo de última hora, fresquinho!
Uma jovem mãe, mãos dadas
com um menininho, mochilinha às costas,
indo para a creche. Ele vai contente
cantando uma musiquinha...
Por aqui já passaram
o verdureiro, com suas couves,
alfaces, cebolinha, recém colhidas,
senhoras apressadas,
para seus trabalhos em casa de família,
Os jovens, esses cheios de vida,
sorriso no rosto,
coração repleto de esperança,
para mais um dia
de trabalhar ou estudar.
Aqui é o seu caminho...
Ah, como é bom olhar da minha janela!
Vejo tudo, de tudo vejo.
Nem preciso sair de casa
para ver o mundo!
Minha vitrine está aqui,
ao alcance dos meus olhos!
Faz parte da minha rotina
observar daqui
a vida lá fora
que não para de passar...