A Minha hipocrisia diante da vida.

Vida eu te quero viva

Na meiguice das crianças, no carinho dos avós

No amor e na preocupação de seus pais pelo presente e futuro.

Nas risadas dos boias-frias, dos descamisados, dos sem-terra

Dos maltrapilhos, dos indigentes, dos drogados.

Que as marcas em seus corpos e em suas almas sejam cicatrizadas

As veias fechem e o sangue pare de jorrar.

Que o passado deles feito poeira que cega seja levado pelo vento.

E os nossos olhos que vêem a tudo revelem a cegueira da nossa alma.

Vida eu te quero em vida

No choro das crianças esqueléticas, andarilhas de olhos esbugalhados

Das barrigas inchadas, dos pés partidos e descalços.

Tu nos mostra a humilhação da nossa alma, fortaleza estéril das nossas vaidades.

Mostras que não se morre só pela fome do corpo

mas também pela fartura d'alma, cheia de egoísmo, falsidade, hipocrisia.

Vida eu te quero viva

Com o eco dos gemidos dos sequestrados, nas ataduras dos feridos de guerras, os olhos sem brilho das meninas e meninos violentados no corpo e na alma, nos aprisionados que nada devem mas pagam injustamente por falsos testemunhos.

Vida eu te sinto viva

Sentada aqui à minha frente

Olhos nos Olhos

Lágrimas à Lagrimas.

Por que é tão difícil sair dessa indiferença?

Com ela sinto-me parte de todas essas dores

Escorre sangue, lágrimas vertem, o coração geme, escuto os gritos

mas nada faço, apenas fecho os olhos e sonho com os anjos e um belo dia amanhã.

Robertson
Enviado por Robertson em 16/04/2014
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