Meus Demônios
A vontade de correr riscos me arranha com suas unhas vermelhas perfeitamente feitas. Seu olhar de caramelo me envolve com pontadas frias de cinismo, vazio e paixão. Desejo, sedução. Adrenalina, sangue. Sentir um pouco as têmporas pulsarem, como há tanto não sinto... meu auto-controle me tirou a chance de sentir as emoções com a profundidade que, acho que, um dia senti... mas também não sei se só imaginei - e imaginar faço bem, bem demais. Às vezes não sei se minhas memórias são verdadeiras ou fictícias. O que seria de mim se não escrevesse, meu Deus? Adoro arte, todas as artes, mas a única que me cabe é a Literatura... queria poder dançar, mas não posso, sou tímido. Então crio bailarinas de luz crepuscular, faço o vento bailar embalando o sono de algum pobre-diabo largado embriagado de poeira e desamor, pinto as nuvens de Tchaikóvski e quando fecho os olhos sou a Aurora.
Criar é minha forma doce de loucura. Escrever é minha forma de amar. O que me leva a concluir,que meu amor é insano. Desesperado, ameaçador, desvastador, gritando. Uma beleza fria de mármore romântico enfiada numa camisa de força titânica invisível. Confrontos. Yin e Yang. O bem e o mal. O tudo e o nada. A criação do Universo e Um Mundo Todo Vivo Tem A Força De Um Inferno... amável desespero. Companheira solidão. Enlouquecer docemente não resolve meus problemas mas, pelo menos assim, não fico tão sozinho... posso contar com meus delírios. Gosto dos meus demônios. Continuo me apaixonando pelos meus medos. O que me assusta e que portanto me faz correr o sangue rápido pelas veias, me fascina... e tudo que é obviamente inútil me fascina pela sua pequenez. Os desmoralizados, excluídos, subjulgados: todos esses tem meu sorriso incondicional - e olhe que não é fácil conquistar meu sorriso... contudo, os que o fazem, sempre o terão. Ainda que se apague.