A encantadora de cavalos - Pequenas histórias para gente pequena

Todos estavam à mesa. O almoço se desenrolava como sempre. Odores saborosos, muita conversa, risos e arrotos.

Tathy levantou-se sem incomodar ninguém. Foi seguida por Ivo, o irmão inseparável. Os adultos não perceberam que as crianças haviam saído. Os dois pararam na cerca da primeira invernada. Tathy abaixou-se e passou para o outro lado. O irmão ficou. Subiu na cerca, vendo a irmã caminhar para o meio do campo.

-Volta! Gritou Ivo.

Mas a irmã não lhe deu ouvidos. Continuou, a passos lentos e medidos. De repente parou. Fitou o horizonte claro e sem fim. Ficou ali, imóvel. O vento começou a soprar suave. O capim tremeu e amassou sob o tropel dos cavalos. Quando viram a menina imóvel, também estancaram. Agitavam a cabeça no ar como a sentir que cheiro era aquele. Pouco a pouco se aproximaram, lentos, cautelosos, quase humildes. Um deles cutucou as costas de Tathy que não se mexeu. Em segundos ela esticou o braço e tocou o primeiro cavalo que se sentiu afagado e capitulou ao encantamento. A mão da menina continuava a afagar-lhe o dorso. Os outros se aproximaram, devagarinho, e também pediram carinhos. Era o encantamento. Era a encantadora de cavalos que nascia ali. Estranha comunicação surgiu entre eles. Rodearam-na e conversaram. Depois ela deu meia volta e caminhou em direção à cerca, seguida pela tropa encantada.

O irmão respeitou o momento. O que ela e os cavalos conversaram? Conversas do mundo do encantamento.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 12/04/2014
Reeditado em 12/04/2014
Código do texto: T4766050
Classificação de conteúdo: seguro