POEMA DE UM DESAPARECIDO
Deixo aqui meu corpo
Essa massa inerte e sem vida
Deixo junto sonhos e esperanças
que carreguei cada dia, cada minuto
Deixo sobre minha pele
a marca das lutas e da certeza
que não lutei sem causa e sem paixão
Cada dia e hora que vivi
eram-me uma dádiva saber
que lutava por meus irmãos
de sangue e de classe
Lutava contra a arrogância
e também enfrentei a opressão
Meu corpo jaz sem vida
Meus algozes riem sobre meu cadáver
Nada digo
Nada sinto, nada é agora o que sou
E eles?
fantasmas sem memórias
Apenas abjetos seres iguais a vermes