Iemanjá
Li um livro “Roda da Vida” quis ler outro e li “Longe de Casa” e outros fui lendo, sempre procurando entender um pouco mais sobre a natureza mística das pessoas e das coisas que me fazem, ora crédulo, ora cético, até mesmo em alguns preceitos rezados pela Bíblia, como Levítico, por exemplo, e tantos outros ali contidos escarnecendo do meu espírito medroso de tantas vergonhas e mesmo assim, tão carente de sabedorias. De repente, como disse Pai Pedro de Ogum aos poucos fui mergulhado no arquétipo psicológico, arquétipo, segundo o dicionário da língua portuguesa significa: Modelo pelo qual se faz uma obra material ou intelectual e em Filosofia: Modelo ideal, inteligível, do qual se copiou toda coisa sensível, “para Platão, a ideia do Bem é o arquétipo de todas as coisas boas da natureza”.
Expandem-se as características insinuadas pela descrição dos mitos e lendas, penso que dos credos e das religiões também, basta saber que gosto de tudo aquilo que me fascina, desde que esse tudo, não venha para diminuir a minha fé religiosa. Fui batizado na Igreja Católica e resolvi que minha igreja será para sempre o meu coração, onde o amor mora e me dá vida e a até mesmo a dor que por vezes me desespera. Amo de paixão as pessoas que são santas e aqui estão e, outras que se fizeram santas, mesmo que noutros milênios passados, porque foram declaradas puras de coração, Jesus o filho de Deus que nos criou e relutantemente tenta nos unir em nome do amor, do perdão e da misericórdia aos desvalidos, como orientam todos os pregadores cristãos. Não me oponho a nada nem a ninguém, afinal quem sou eu para dizer isso ou aquilo. Por ora, minha fascinação murmura: Maria de Graça Plena, rainha dos céus e de Iemanjá, senhora das águas desse meu mundo.
Já começo a ficar confuso e então acho melhor, já que é primavera, colher três rosas das roseiras do meu jardim, sendo uma branca, uma amarela e outra vermelha. Meu Deus como sou tagarela! Pensaram que eu era ateu? Não, digamos que sou um deísta, será? Vez que meu Deus é único e, um tanto egoísta por querer acreditar em tudo o que me faz bem.
Meu amigo verdadeiro partiu, partiu-me o coração, não era filho de Oxum, não teve diplomacia, mas foi direto e capaz ao deixar tudo de lado. De longe a amizade continua, porém o companheirismo se esvaneceu. Sobre uma pedra que não era Pedro, uma pedra saliente, ali, nas águas da Turbina, um local aqui no ribeirão da minha adorável cidade de Pinhalão, meditei, não em oração, mas buscando sentido para a razão do acima descrito que em pensamento, eu estava a despejar na correnteza do Rio Ribeirão Grande:
- Levem turvam águas, a rosa branca e, perfume o mar, donde Iemanjá há de recebê-la para acolher esse meu carinho natural, minha única obra intelectual...!
-Levem turvas águas, a rosa amarela e, perfume este meu modesto existir, para ser recebida pela Cheia de Graça que me faz feliz, minha verdadeira obra espiritual...!
- Levem turvas águas, a rosa vermelha e, as tonem límpidas como as lágrimas que caem do meu olhar, minhas obras intelectual e espiritual estão no meu único Deus!
Crer em alguma coisa que nos faz bem é salutar e proporciona intenso prazer, uma vontade louca de servir, ouvir o Sermão da Montanha e descansar na paz da própria mente que embala os versos da vitória. Engraçado, vejo agora, ás turvas águas, tão límpidas como um cristal líquido... Foram as lágrimas que caíram do meu olhar, profusão de sentimentos crédulos, de mim para comigo mesmo, eu estava numa verdadeira oração.
Valdir Merege Rodrigues
Pinhalão - Paraná